A Delegacia de Investigação Criminais de Laguna concluiu investigação que apurou o que chama de sofisticado esquema de corrupção eleitoral e financiamento irregular de campanha nas eleições de outubro de 2024 no município. Quatorze pessoas foram indiciadas. 2a2d1t
As investigações estavam em andamento desde o fim de setembro do ano ado e tiveram o ápice com a apreensão de materiais de campanha e dinheiro em dois dias de trabalho, em um sítio em Laranjeiras e na abordagem ao então candidato a vice Nilson Coelho Filho, o Nilsinho (PP), no Campo de Fora. Na ocasião, mais de R$ 18 mil foram apreendidos, mas a DIC levantou que o esquema movimentou mais de R$ 1 milhão. Na ocasião, o político criticou a ação e se disse tratado como um “bandido”.
A delegacia especializada não divulgou oficialmente os nomes dos envolvidos, uma vez que os autos ainda seguem em sigilo judicial e para garantir a presunção de inocência dos citados. Segundo a investigação, foram ouvidas 70 pessoas e mapeados pelo menos 55 possíveis crimes eleitorais e conexos após análise de aparelhos telefônicos, relatórios financeiros e depoimentos.
A conclusão do relatório ocorreu no último dia 22, após o Juízo de Garantias do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que cuida do processo, determinar a finalização do inquérito policial. O documento foi remetido ao órgão judiciário e ao Ministério Público para análise.
Como funcionava o esquema 1a5b3l
A DIC elencou três eixos do esquema de corrupção encontrado em Laguna:
- Eixo financeiro: movimentou mais de R$ 1,7 milhão na campanha eleitoral, com transferências bancárias entre empresas e pessoas físicas, sem justificativa comercial aparente. De acordo com a investigação, um empresário realizou transferências que totalizaram R$ 734.964,24 para diferentes contas vinculadas ao esquema. Ainda apontou incompatibilidade patrimonial de até 17.432% entre rendas declaradas e valores movimentados por alguns dos investigados. Em um caso específico, uma pessoa responsável pela parte jurídica da campanha declarou apenas R$ 2,6 mil à Justiça Eleitoral, quando na realidade movimentou R$ 302,5 mil no mesmo período.
- Eixo operacional: formado pela distribuição organizada de recursos em espécie e utilização de imóveis particulares como centros de operações. Os investigados elaboraram uma listagem com variados nomes de eleitores e empregaram técnicas de “smurfing”, prática que visa evitar a fiscalização dos órgãos de controle, realizando saques de R$ 49 mil, estrategicamente mantidos abaixo do limite de R$ 50 mil que exigiria comunicação obrigatória. As mensagens recuperadas dos aparelhos celulares apreendidos continham conteúdo inequívoco relacionado à captação ilícita de votos, segundo o inquérito.
- Eixo material: operacionalizava a entrega de vantagens aos eleitores. Foi identificada a utilização de um caminhão para transporte e entrega de materiais de construção, incluindo aterro, brita e areia para residências específicas. O esquema também incluía o fornecimento de vales-alimentação que totalizaram aproximadamente R$ 6 mil através de um estabelecimento comercial local, além de promessas de serviços públicos como conserto de iluminação em determinadas localidades.
Com base nessa investigação, a DIC indiciou 14 pessoas pelos crimes de corrupção eleitoral, associação criminosa, e falsidade ideológica eleitoral, o caixa dois. A lista inclui um empresário do ramo imobiliário e de mineração, um policial militar da ativa (lotado na capital), um advogado com atuação na área eleitoral, um candidato a cargo no executivo municipal, um servidor público estadual, uma funcionária de lotérica, um motorista e diversos candidatos a vereador.