Quem faz a afirmação que serve de título à matéria é a médica veterinária Adriana Albuquerque, do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado em Laguna pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Desde o último dia 3 de março, a rotina da profissional tem sido voltada ao monitoramento de um elefante-marinho-do-sul que, em meio à folia de Carnaval e com praia intensamente movimentada, decidiu que uma pequena parte da faixa de areia, nas proximidades dos Molhes da Barra, era o local ideal para descansar e ar pelo processo de troca de pelagem. 1b6g2n
Como não é uma cena tão comum, a presença do animal, da espécie Mirounga leonina, chamou atenção e viralizou rapidamente na internet. “Esse animal se deslocou provavelmente das colônias que ficam lá na Argentina então é um trajeto bastante longo de viagem e ele escolheu Laguna”, descreve.
Para Adriana, é importante que a população tenha consciência desse detalhe. A viagem das águas argentinas até a costa brasileira – assim como ocorre com os pinguins-de-magalhães – é cansativa e o animal precisa de descanso, ainda mais por ter ado pela mudança de pele.
Assim como a recomendação é não se aproximar, o PMP-BS, embora seja um órgão técnico, também tem respeitado essa limitação. A equipe, por exemplo, não conseguiu decifrar o mais básico dos questionamentos: se é macho ou se é fêmea, isso porque o animal não deu brecha para que a resposta fosse obtida – eles acreditam que se trate de uma fêmea.

“Nós intervimos só em último caso, quando a gente visualizar que tem alguma anomalia. A gente fez a avaliação da temperatura à distância com uso do termógrafo, aferimos frequência respiratória que dá para fazer de longe, coletamos mucosa e fezes e recolhemos parte da pele. O elefante está saudável”, detalha a médica veterinária.
Ontem, o animal não foi visto nos Molhes e a especulação inicial era que teria aproveitado a cheia da maré para seguir viagem. Surpreendendo a todos, porém, ele viajou, mas continuou em Laguna e está agora em repouso nas pedras rosadas do Iró.
A Polícia Militar Ambiental (PMA) também acompanha a presença do animal nas areias lagunenses. “Nosso papel, nessa situação, é fazer o isolamento para evitar que populares invadam o espaço do elefante-marinho ou molestem o animal. Inclusive, a gente pede que evitem levar pets ao local”, comenta o sargento Robson Vieira.
Apesar dos esforços, vários foram os registros de importunação ao elefante-marinho, incluindo pedras jogadas para chamar atenção e pipocas lançadas na intenção que ele se alimentasse. “O flagra pode gerar multa e até processo criminal”, alerta o sargento.
Na dúvida, vale a lição de Adriana: “A gente precisa aprender a conviver com esses animais e dar o devido espaço para eles”. E, caso seja necessário, o telefone do PMP é 0800-642-3341.